domingo, 30 de maio de 2010

Legal!!!

acabei de ler no blog da Meg Barros um texto dela que, de tão lindo, resolvi reproduzir aqui... tocou meu coração! http://www.megbarros.blogspot.com/

"A vendedora de pupunhas

Dizem que somos um País democrático, é mentira! Não existe democracia quando tantos não tem o que comer, enquanto outros moram em palácios de vidro. Sou escrava dos meus sentimentos e não consigo me livrar da responsabilidade HUMANA que todos nós deveríamos ter pelos outros. Carrego comigo a responsabilidade assumida quase que diariamente quando conheço mais uma comunidade carente, mais uma história de jovens desperdiçados em semáforos, mais uma mãe sem dinheiro para comprar comida para os filhos.

Dia desses eu parei o carro para comprar pupunha. Eu nem queria, fiz só para ajudar uma menina, uma linda indiazinha de feições finas, aparentava ter uns 7 anos de idade. A garotinha carregava uma vassoura com saquinhos engordurados de pupunha. Meu Deus, aquela linda garotinha tão frágil, mãoszinhas pequenas que de vez em quando levava ao rosto sujo de suor, estava vendendo pupunhas. Menina em idade escolar, por certo na fase de ser alfabetizada, estava alí no sinal, vulnerável, sujeita a todo o tipo de perigo num sinal de trânsito. Como eu queria conversar com ela, com a mãe dela, dar uma escola, uma casa digna, alimento, enfim mudar a vida dela! Eu queria fazer alguma coisa para que ela não se tornasse mais uma pessoa com um vida de sofrimento, dor... Chorei sozinha dentro do meu carro, tomei para mim o cançaso e o calor que aquele sol causaria na criança, e de repente me dei conta que isso tudo é culpa de homens que dizem representar os interesses do povo, quando na verdade representam apenas os próprios interesses. Quanta revolta existe dentro de mim porque sou sensível a dor dos outros, porque não suporto o abandono e não me conformo em ver o mundo como está. Quanto sofrimento passa por mim por causa disso. Eu não queria sentir isso, não queria me sentir responsável pelos outros que eu nem conheço, mas eu não consigo. Queria ser indiferente, como tantos são. Queria me acostumar a dizer que isso é culpa deste ou daquele, mas não consigo. Eu quero eu fazer, eu agir, eu tomar atitude. Eu não desisto de tentar. Por isso o Atitude, por isso essa insistência que me inquieta a alma, que me tira a paz e que me faz parar num sinal duas horas da tarde, sem pensar em nada, apenas naquela criança, a vendedora de pupunhas., tão delicada criança, tão singelo olhar, me olhando, me matando por dentro. Eu não sei ser forte pra isso, e me desculpem o desabafo. Eu prefiro ser eu, assim, desconstruída e absolutamente impotente, incapaz, fraca. Porque a verdade é que eu não posso nada, eu só posso pedir que ajudem, eu só posso escrever da dor que eu sinto e pedir a Deus que mande anjos para nos proteger. Nos proteger dos homens que estão por vir..."

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